(Jorge Cadima, Avante!, 21jan10)
OS ABUTRES
“Hoje, ao pedir ao Instituto de Gestão do Crédito Público que se desfizesse em promessas para acalmar as agências (de rating), o ministro (Teixeira dos Santos) tornou de novo público esse seu pavor. Ao fazê-lo mostrou uma vez mais que, por muitas crises financeiras que haja, há princípios no capitalismo global que não se alteram. Quando em causa estão países como a Grécia, Portugal ou a Hungria, o diktat de meia dúzia de burocratas da Standard and Poor’s, da Fitch ou da Moody’s vale mais do que qualquer programa político democraticamente sufragado. Tendo este poder, as agências conseguem outra façanha mais perturbadora: a de limitar a soberania nacional.”
(Manuel Carvalho, “Público” (da “Sonae”, do Belmiro de Azevedo), em “Os abutres andam por aí”, 16jan10
Comentário: e quem é que nos colocou nesta situação, nas mãos desses abutres?
IN MEMORIAM DE JYOTI BASU
“Dezenas de milhares de indianos participaram no funeral de Jyoti Basu, em Calcutá, que falecera a 17 do corrente. Tinha 95 anos. O corpo do mais respeitado líder comunista da Índia, esteve em câmara ardente na sede do seu partido, o Partido Comunista da Índia (Marxista) e ainda no Parlamento de Bengala – estado que chefiou de 1977 a 2000. Foi coberto pela bandeira nacional.“
(Lido nos jornais, “DN”, em 20 jan 2010)
E já agora pedimos-te um breve balanço desta visita…
” Em primeiro lugar, uma reconfirmação e uma afirmação do relacionamento solidário entre os dois partidos. Fomos recebidos pelo secretários-gerais dos dois partidos, por Ardhendu B. Bardhan, do PCI, e por Prakash Karath, do PCI(M). Em Calcutá, fomos recebidos, para além do presidente da Câmara, pela figura mais proeminente do Partido Comunista da Índia (Marxista) – e da própria sociedade indiana – o histórico dirigente Jyoti Basu, que ficou profundamente emocionado com a visita da delegação do Partido Comunista Português. Nesses encontros com as direcções de ambos os partidos foi possível verificar essa identificação de pontos de vista, haver uma troca importante de informações sobre a situação dos dois países, particularmente em termos da posição geoestratégica que hoje a Índia ocupa.
Os camaradas mostraram-se profundamente preocupados com a visão dos Estados Unidos que, mantendo o controlo e influência no Paquistão, estão a ver que a Índia pode ser um país onde os seus interesses político-militares e económicos venham a ser mais bem defendidos. Ou seja, manter o selim no Paquistão mas pensando montar o cavalo na Índia. Com dois objectivos, creio. O primeiro tentar neutralizar papel do Estado indiano no movimento dos Não-Alinhados; o segundo usar a Índia como um muro, como um obstáculo em relação à própria China. Não apenas no plano das relações bilaterais como no plano económico. Há esta preocupação, tendo em conta já a cooperação a nível militar, nuclear, económica, existente entre os Estados Unidos e a Índia. Há entretanto uma grande resistência a esta influência e ingerência. Quando dos exercícios militares em Bengala Ocidental, houve uma grande manifestação de protesto de duzentas mil pessoas que se concentraram junto ao local dos exercícios.”
(Entrevista ao Secretário-Geral do PCP, Jerónimo de Sousa, quando da sua visita à Índia, publicada no “Avante” nº1714, de 4out06)
HISTÓRIA
“Quando foi assassinado, na tortura, a 23 de Janeiro de 1950, o comunista José Moreira tinha a responsabilidade pela ligação com as tipografias clandestinas do Partido. (..) José Moreira defendeu o seu mais precioso segredo e, com ele, o seu Partido e nada disse. Foi torturado até à morte. Tinha 38 anos.”
(“Avante!”, 21jan10)