domingo, 25 de abril de 2010

MANIFESTAÇÃO 25 DE ABRIL DE 2010 - LISBOA

IN MEMORIAM



SOFIA FERREIRA (Alhandra, 01Mai1922 – 22abr2010)

Militante Revolucionária. Aderiu ao Partido Comunista Português em 1945, seguindo o exemplo das suas irmãs Georgette e Mercedes, e dedicou a vida inteira ao seu partido e à causa da luta pela democracia, liberdade e socialismo.

Em 1946 passou à clandestinidade, com várias tarefas de responsabilidade – imprensa clandestina, secretariado do CC, responsável na Organização Local do Porto, tendo sido presa pela primeira vez, pela PIDE, na casa do Luso, com Álvaro Cunhal e Militão Ribeiro.

Passou mais de 13 anos nas prisões fascistas. Viveu algum tempo na União Soviética, regressando em 1969 à luta clandestina, sempre encarregue de tarefas partidárias importantes – integrada na Organização Regional de Setúbal e, depois, de Lisboa.

Desde 1987 integrava o Grupo de Trabalho do Arquivo Histórico do PCP.

Fontes: Nota do secretariado do CC do PCP, de 22abr10 e notícia do DN (João Céu e Silva), de 24abr10

No momento do seu desaparecimento prestamos a nossa modesta homenagem àqueles que dedicam toda uma vida à luta pelos grandes ideais da Humanidade – Liberdade, Igualdade, Fraternidade. São os melhores entre nós. Na maior parte dos casos o seu nome não se encontrará nem nos compêndios da história oficial, nem nas enciclopédias. Mas sem eles não se teria dado o progresso da Humanidade. Uma vida em prol da melhoria da Sociedade, dos outros, do seu bem-estar, desinteressadamente, deixando para trás, quantas vezes, enormes potenciais pessoais noutros domínios. Na militância à Esquerda, o mais importante são os outros, é a transformação da Sociedade, para a tornar mais justa, mais igual, melhor para todos.

“O corneteiro tocou para formar e fizemo-lo ao longo de um dos lados do pátio. Ao passar diante de mim, que nessa altura tinha pouco mais de vinte anos, mas parecia muitíssimo mais novo, o sacerdote ficou parado a olhar para mim incrédulo, como perante uma peça que não encaixava naquele puzzle humano.

-Rapaz, também estás condenado à morte?

-Sim, senhor. É a segunda vez que me condenam à morte.

-Então, por que cantas? Por que tens essa luz nos olhos?

-Porque sou comunista – respondi-lhe.

O sacerdote ficou um momento silencioso, sem saber o que dizer.
-Sim, mas isso é precisamente o que não entendo, porque se fosses católico compreenderia que cantasses antes de morrer.
(..)
-O difícil – continuei eu, animado pela prorrogação que me concedia o sacerdote – é que, sabendo que apenas temos uma vida, que não há outra e que depois da morte está o vazio, a entreguemos cantando pela felicidade dos outros.”
“Marcos Ana” (Fernando Macarro), poeta e militante revolucionário espanhol, preso durante 23 anos nas prisões fascistas de Franco, até 1961, e por quem se desencadeou em todo o mundo uma enorme campanha de solidariedade, em “Digam-me como é uma árvore” (Decidme como es un árbol) (2007)